Meu envolvimento com a arquitetura começou com 17 anos quando comecei a trabalhar numa construtora. Em todas funções imagináveis acabei me envolvendo: secretária, recepcionista, menina do café, seção pessoal, e até em obra, embora não entendesse nada!

Em 1977 iniciei a Faculdade de Arquitetura na Unisinos. Foi um período difícil pois eu viajava todos os dias no final da tarde para São Leopoldo depois de ter trabalhado o dia inteiro. Os cinco anos e meio da faculdade foram de muito trabalho muita estrada, muito estudo e muito pouca diversão. Mas finalmente em dezembro de 1982 saí da universidade com meu diploma de arquiteta. Era o fim de uma batalha e o início de muitas outras.

Continuei trabalhando na empresa construtora até 1990. Toda esta vivência no meio da construção civil me deu bagagem técnica e administrativa, e sou muito grata aos meus “professores”.

Em 1991 abri meu próprio escritório de arquitetura. Uma aventura que exigiu humildade e perseverança. Éramos eu, minha secretária eletrônica e muita vontade de trabalhar. Nesta fase, como sempre digo, até casinha pra cachorro eu fazia!

Aos poucos, com trabalho surgindo, comecei a aumentar a equipe. Éramos sonhadores brincando de fazer casa. Sempre houve muita luta e trabalho, mas o bom humor e a alegria sempre fizeram parte do mecanismo. Sem diversão não tem sentido!

Como sou de família alemã, cresci falando alemão. Esta foi uma parte importante! Em 1989, resolvi que precisava ver o tamanho do mundo. Fui para a Europa por 6 meses, estudei na Alemanha aprimorando meu alemão e viajei muito. Foi minha primeira “coletânea de bagagem arquitetônica” que é como chamo minhas viagens.

Entre outros prazeres que a arquitetura me propicia, um dos melhores é esta “coletânea de bagagem”. Minha pós-graduação é viajar, olhar coisas diferentes, me envolver pelas coisas maravilhosas que cada lugar oferece.

Não pensem que este processo é acadêmico! É mais um aprendizado empírico, uma imersão! Depois quando estiver trabalhando num projeto, no processo de criação, de alguma forma estes dados são acessados. Tenho que simplesmente manter o arquivo abastecido! Muitos livros, muita observação e muita viagem! Ainda bem que sou arquiteta, pois eu adoro tudo isso!

Um tempo depois (1990) fui fazer um estágio numa construtora na Alemanha. Num impulso, mandei cartas para 6 empresas da área, oferecendo o trabalho “kostenloss” (sem custo) de uma arquiteta brasileira. Cinco dessas empresas me deram as boas vindas e elegi uma em Oldenburg que trabalhava mais com casas. Foi uma experiência e tanto! Numa época em que o Brasil ainda não tinha acesso à muita tecnologia como tem hoje, me senti uma criança brincando de arquiteta. Hoje já não seria assim provavelmente! Tecnicamente evoluímos muito!

Abertas as portas do mundo, estudei em San Francisco, nos EUA, viajei para a Turquia, Marrocos, Tunísia, Índia, Nepal, como rotas exóticas, e comecei a aprofundar os paises da Europa me dedicando a cada um por um tempo, Espanha, França, Alemanha, Inglaterra e outros.

A Itália hoje pra mim, é minha paixão. Estudei pintura e italiano em Florença e tenho me dedicado a estudar italiano no Brasil. “Voglio parlare italiano”.